Diretrizes fundamentais para organização dos ENEDS e EREDS

Versão 1.0

Última alteração em 31/10/2016

Este documento sintetiza o acúmulo de debates realizados ao longo de 13 anos, pela Comissão Nacional de Organização dos EREDS e ENEDS, nos processos de organização das 13 edições nacionais e 17 edições regionais do evento. 

Ele trata de diretrizes orientadoras para a organização das próximas edições do evento, e não de regras ou normas consolidadas e intransgressíveis. 

Ressaltamos que os EREDS e ENEDS são espaços permanentemente em construção, que querem dar voz e vez a todas(os) aquelas(es) que se identificam com os princípios da ENGENHARIA POPULAR E SOLIDÁRIA, conforme definimos ao longo desse processo:

  • Educação Popular
  • Autogestão
  • Justiça social e ambiental
  • Feminismo, anti-racismo e contra LGBTfobia
  • Cuidado com a vida
  • Valorização da cultura em sua diversidade
  • Reconhecimento e diálogo entre os diversos saberes (populares, tradicionais, acadêmicos, das diferentes disciplinas) 

(ver https://eneds.org.br/repos/#principios_e_valores)

Foi ouvindo e colocando essas vozes em diálogo que construímos esse patrimônio. Mas estamos permanentemente em construção.

1. Instâncias de organização do evento: o papel da Comissão Local e da Comissão Nacional

Nossa forma de organização atual se faz em duas instâncias fundamentais: as Comissões Locais (CL) de organização do evento e a Comissão Nacional (CN) de organização do evento. 

A CN é composta por todas as pessoas que já organizaram alguma edição do evento (regional ou nacional) e que se dispuseram a continuar na organização. A CL é composta, principalmente, por estudantes e professores da universidade que sediará o evento naquele ano. No entanto, é comum outras pessoas de universidades (ou relações) próximas também participarem da comissão local. As CL são formadas a cada ano, logo após a realização do ENEDS. 

No momento em que a CL é formada, pedimos que ela indique pelo menos duas pessoas, das quais pelo menos uma mulher, para representar a CL na CN. Essas duas pessoas não são coordenadores/as do evento, são apenas o canal de comunicação com a CN. Todos(as) que fazem parte da CL podem e devem entrar na lista de emails da CN, pois é nela onde ocorrem os principais debates de organização do ENEDS e entre os EREDS.

A CL é a instância executiva de organização do evento. É ela que produz o evento e, por isso, tem autonomia para decidir sobre seus rumos naquela edição. A CL deve priorizar a participação de estudantes, podendo ter também a participação de professores(as) e funcionários(as), de maneira horizontal e autogerida.

A CN é uma instância consultiva, que participa da organização dos eventos normalmente à distância, e que se coloca a disposição das CLs para contribuir como for possível e necessário. A CN acumula um histórico de organização dos EREDS e ENEDS que se constitui num patrimônio valioso para a continuidade dessa história. Por isso, é fundamental que ela seja ouvida e considerada no processo de organização dos eventos. 

Sugerimos, em especial, que se coloque em debate com a CN os temas do evento, a programação, os palestrantes e mini-cursos/oficinas. Indicamos uma antecedência mínima 6 meses (para o ENEDS) e 3 meses (para os EREDS) para o início desse debate.

No entanto, reafirmamos que as CLs tem autonomia sobre a organização de cada edição. 

2. Dinâmica de organização das CL

Sugere-se que as CL se organizem para tratar, pelo menos, dos seguintes temas:

  • Comunicação
  • Finanças
  • Científica (trata da organização das submissões de artigos. É fundamental que um doutor – por causa da revista -, membro da CN, participe desse tema)
  • Programação
  • Infra-estrutura
  • Cultural e Festa

Obs: Os EREDS não precisam ter submissão de artigos. Sugere-se um formato mais livre, menos “acadêmico”, para troca de experiências  entre os participantes a partir dos trabalhos desenvolvidos em suas universidades / movimentos / grupos… (em geral, denominado Circuito de Experiências) Por isso, muitas vezes o tema da Científica não é essencial.

3. Sobre a composição das mesas

Deve-se buscar:

  • Equilíbrio de gênero;
  • Toda mesa ter pelo menos uma pessoa negra;
  • Perfil de atuação: ⅓ Academia, ⅓ Movimentos Sociais e ⅓ Poder Público;
  • Formação: Mínimo de ⅓ de engenheiras(os);
  • Apresentar experiências concretas.

4. Registro e Comunicação

Deve-se buscar:

  • Divulgar publicamente no site com pelo menos um mês e meio de antecedência a programação e os artigos aprovados (no caso do ENEDS), porque alguns participantes vão precisar para pedir auxílio passagem e diária pela universidade;
  • Fazer transmissão online e gravar as mesas e outros momentos importantes do evento;
  • Encaminhar para a CN a lista de inscritos, credenciados e anais dos artigos até dois meses após o evento;
  • Encaminhar para os participantes os certificados de participação e apresentação de artigos até dois meses após o evento;
  • Na momento de inscrição, levantar no mínimo as seguintes informações cadastrais e de perfil dos participantes: nome completo, e-mail, cidade, estado (UF), Categoria (professor, estudante, TAE, profissional, gestor público, militante), instituição/universidade, curso, idade, sexo, cor/raça (branco, pardo, preto, amarelo e indígena) e se tem alguma necessidade especial (se precisa de ambiente adaptado para deficiência, intérprete de libras, cuidados / infra / atividades para levar filhos(as) etc.).

5. Sobre o financiamento do evento

  • Não aceitar financiamento privado (de empresas);
  • As inscrições devem ser gratuitas e o evento deve ser aberto a todas(os). Ou seja, não deve-se fechar as inscrições para o evento em nenhum momento.
  • Pode ser interessante a arrecadação de alimentos para doações no momento da inscrição

6. A programação do ENEDS deve prever:

  • No máximo quatro dias de evento;
  • Um dia livre antes do evento para o encontro REPOS;
  • Uma Plenária Final com no mínimo 3h;
  • Mesas de debate com no máximo 3 palestrantes em cada mesa. Ao final da fala dos palestrantes deve-se destinar pelo menos 60 minutos para o debate aberto com o “público”;
  • Sugere-se que não se programe mais de uma mesa por turno; 
  • Apresentação de artigos, seguida de debate (com tempo suficiente para pelo menos 15 minutos de apresentação de cada trabalho e 45 minutos para o debate ao final da sessão);
  • Atividades culturais valorizando a cultura local;
  • Festas de integração / confraternização;
  • Sugere-se uma programação leve, dando espaços para as pessoas se conhecerem e compartilharem uma vivência que vai para além dos conteúdos programados. Pausas para o café, momentos “auto-organizativos”, para as pessoas debaterem temas que ganham relevância ao longo do evento, e outros mecanismos podem ser interessantes.

7. A programação do EREDS deve prever:

  • No máximo três dias de evento (sugere-se apenas 2 dias, mas pode ser um evento de 1 dia);
  • Mesas de debate com no máximo 3 palestrantes em cada mesa. Ao final da fala dos palestrantes deve-se destinar pelo menos 60 minutos para o debate aberto com o “público”;
  • Sugere-se que não se programe mais de uma mesa por turno;
  • Momento para troca de experiências entre os grupos presentes no evento (diversas dinâmicas são possíveis);
  • Atividades culturais valorizando a cultura local;
  • Visitas a comunidades, grupos de trabalho/produção, espaços/atividades de movimentos sociais também são interessantes nos EREDS;
  • Festas de integração / confraternização.

8. Sobre o processo de decisão das próximas edições do evento

  • Na Plenária Final de cada ENEDS se decide sobre as universidades / cidades sede dos próximos EREDS e ENEDS;
  • É responsabilidade da CN e da CL dialogar com os grupos presentes no ENEDS sobre possíveis interesses em realizar os próximos EREDS e ENEDS;
  • É responsabilidade da CN conduzir a plenária final e mediar o debate, evitando qualquer clima de competição, buscando sempre que a decisão da próxima sede priorize critérios como interiorização do debate, alternância entre regiões, preferência para grupos formados por estudantes que já organizaram um EREDS.  
  • Busca-se sempre decidir por consenso;
  • Os EREDS devem ocorrer no primeiro semestre do ano seguinte, se possível até o final de maio;
  • Os ENEDS devem ocorrer no segundo semestre.

9. Infra-estrutura

  • Buscar viabilizar alojamento ou hospedagem solidária para os participantes;
  • Buscar opções de alimentação a preço popular (se possível no restaurante universitário);
  • Para as apresentações de artigos, minicursos e oficinas buscar espaços com cadeiras móveis para se trabalhar em roda.

10. Sobre assédio e opressões

  • Nós – membros da CN – não toleramos nenhuma forma de assédio ou desrespeito aos participantes e/ou organizadores dos eventos.
  • A prática de assédio inclui comentários ofensivos – relacionados com gênero, orientação sexual, aparência física, necessidades especiais, etnicidade, religião e status sócio-econômico – imagens de cunho sexual mostradas em lugares públicos e/ou nas palestras dos ENEDS/EREDS, intimidação, perseguição, assédio com câmeras fotográficas e com câmeras de vídeo, repetida interrupção de falas e/ou outros eventos, e contato físico sem consentimento.
  • Participantes cujo comportamento infrinja essas regras de conduta serão advertidos e devem imediatamente cessar os comportamentos ofensivos, sob o risco de serem convidados a saírem do evento sem a possibilidade de retorno. Os/as organizadores(as) tomarão as medidas necessárias para impedir que práticas de assédio aconteçam e/ou sejam repetidas nas palestras e nos eventos.
  • Enquanto não temos uma política anti-assédio própria, utilizaremos a do FISL (http://softwarelivre.org/fisl16/o-evento/politica-anti-assedio-do-forum-internacional-software-livre). Além disso, teremos como base o seguinte código de conduta: https://github.com/ckan/ckan/blob/master/CONDUCT.rst.

Como enfatizamos no início desse documento, essas diretrizes não são regras intransgressíveis, mas sim a sistematização de um acúmulo de experiências. Portanto, qualquer um desses itens podem ser colocados em debate, mas indicamos que isso seja feito com o envolvimento da Comissão Nacional.